segunda-feira, 29 de novembro de 2010

É 110 ou 220 volts?



O Orgasmo Trifásico

Orgasmo feminino é coisa da qual as mulheres entendem muito pouco e os homens, muito menos. Pelo fato de ser uma reação endócrina que se dá sem expelir nada, não apresenta nenhuma prova evidente de que aconteceu ou se foi simulado.

Orgasmo masculino não! É aquela coisa que todo mundo vê. Deixa o maior flagrante por onde passa. Diante desse mistério, as investigações continuam e muitas pesquisas são feitas e centenas de livros escritos para esclarecer este gostoso e excitante assunto.

Acompanho de perto, aliás, juntinho, este latejante tema. Vi, outro dia, no programa do Jô Soares, uma sexóloga sergipana dando uma entrevista sobre orgasmo feminino. A mulher, que mais parecia a gerente comercial da Walita, falava do corpo como quem apresenta o desempenho de uma nova cafeteira doméstica.

Apresentou uma pesquisa que foi feita nos Estados Unidos para medir a descarga elétrica emitida pela "Periquita" na hora do orgasmo, e chegou à incrível conclusão de que, na hora "H", a "perseguida" dispara uma descarga de 250.000 microvolts. Ou seja, cinco "pererecas" juntas ligadas na hora do "aimeudeus!" seriam suficientes para acender uma lâmpada. Uma dúzia, então, é capaz de dar partida num Fusca com a bateria arriada.

Uma amiga me contou que está treinando para carregar a bateria do telefone celular. Disse que gozou e, tchan, carregou. É preciso ter cuidado porque isso não é mais "xibiu", é torradeira elétrica! E se der um curto circuito na hora de "virar o zoinho", além de vesgo, a gente sai com mal de Parkinson e com a lingüiça torrada.

Pensei: camisinha agora é pouco, tem de mandar encapar na Pirelli ou enrolar com fita isolante. E na hora "H", não tire o tênis nem pise no chão molhado... Pode ser pior!

É recomendável, meu amigo, na hora que você for molhar o seu "biscoito" lá na canequinha de sua namorada, perguntar:

-É 110 ou 220 volts? Se não, meu xará, depois do que essa moça falou lá no Jô, pode dar
"ovo frito no café da manhã."

Esse país não melhora por absoluta falta de criatividade... São as mulheres, a solução contra o apagão.

Millôr



She gave me the Queen
She gave me the King
She was wheelin' and dealin'
Just doin' her thing
She was holdin' a pair
But I had to try
Her Deuce was wild
But my Ace was high
But how was I to know
That she'd been dealt with before
Said she'd never had a Full House
But I should have known
From the tattoo on her left leg
And the garter on her right
She'd have the card to bring me down
If she played it right

She's got the jack
Aaaaaah!



Das pessoas que gosto... Arnaldo Jabor




Resposta a uma moça de 50 anos

OUTRO DIA, ESCREVENDO sobre meu passado, falei de uma menina da Urca que, de longe, eu considerava minha namorada, Silvinha, moreninha de olhos verdes. Dias depois, recebi um e- mail assim:

"Meu amigo Arnaldo,

Lisonjeada fiquei ao ler sua coluna de 29/06 pp. por me ver citada em suas reminiscências. Hoje, com 46 anos de casada, com dois filhos e dois netos, entristece-me pensar que a meninada atual não pode ter a infância livre e despreocupada que tivemos e, portanto, não terá as lembranças das peripécias próprias de cada fase. Ah, bons tempos! Agradecendo as citações, deixo aqui um saudoso abraço. Hoje, sou a 'grisalhinha' de olhos verdes.

Silvinha!

Fiquei emocionado com o e-mail e agora respondo.

Querida Silvinha,

Hoje, mais de 50 anos depois, vou dizer o que sentia por você. Você foi o que eu imaginava o que seria uma "namorada". Você despertou em mim um tremor novo, a primeira emoção do que mais tarde vi que chamavam "amor". Em uma tarde cinzenta, em frente ao portão de sua casa, eu senti uma alegria inesquecível como se tudo ali estivesse no lugar perfeito: a brisa leve da tarde, a paz da rua, o silêncio sem pássaros, você encostada no portão marrom do jardim. Não sei por que, senti uma felicidade insuportável, como se ouvisse o calmo funcionamento no mundo. Percebi confusamente que ali, no teu sorriso, ou olhos, ou boca, estava a explicação do sol filtrado em listras entre as folhas da árvore e a perfeição do som agudo que tirei da folha de fícus enrolada como uma flautinha vegetal, instrumento que hoje os garotos não conhecem mais.

Esse foi um momento que me ficou nos últimos 50 anos. Depois, uma brincadeira também esquecida: "casamento japonês", onde se escolhia uma menina a quem se perguntava: "Pêra, uva ou maçã"; você disse "uva" e eu beijei timidamente seu rosto, sentindo-me, em seguida, voar por cima do seu jardim, vendo as casas da Urca lá embaixo. E, assim, você ficou de namorada oficial de minha infância imaginária.
Não sei por que, Silvinha, sempre tive fascinação por meninas que me deixavam
arrebatado e com medo ao mesmo tempo, sempre e algum modo as meninas que me atraíam me pareciam inatingíveis, etéreas, como se fossem destinadas a outros e não a mim... essa impossibilidade aumentava meu fascínio de pierrô.
Aliás, devo confessar hoje, 50 anos depois, que você não foi a única.

Márcia corria de bicicleta pela pracinha e só tinha olhos para o Porcolino e olhava com desdém sorridente para minha tentativa de alcançá-la na bicicleta, e eu via suas pernas sob a saia que ventava e a bicicleta parecia deixar um rastro de cometa de Márcia; também, mais tarde, ainda sem te esquecer, confesso que me apaixonei por Ciomara, que, percebendo meu interesse tímido, aplicou-se em me espezinhar, tendo eu sofrido muito vendo-a cantar provocativamente "Vivo esperando e procurando Cervantes no meu jardim", uma versão da música "Four-leaf clover", um sucesso na época, que ela adaptou para conquistar Cervantes, o beloha lf- back do time Arsenal. Ciomara me fez sofrer, vendo-a de mãos dadas com ainda outro, para espicaçar também Cervantes, não eu, debaixo dos flamboyants carregados de flores vermelhas.

Devo dizer também que fui crescendo e enlouqueci de um amor mais carnal por uma moça mais velha, Isadora, de pernas lindas no maiô roxo Catalina, alva, de boca rubra com muito batom. Daí para a frente, Silvinha, já adolescente, comecei minhas incursões pelo mundo do pecado, sempre instruído por meu professor de sacanagens, o saudoso pipoqueiro Bené, que você certamente conheceu, ele que me induzia às mais pecaminosas ações solitárias, dando-me revistinhas de mulher nua, ainda ingênuas, como
Saúde e Nudismo, cheias de moças azuis, deitadas em praias remotas.

 Nessa época eu já vivia em Copacabana, na casa de meu avô, onde eu tinha mais liberdade que sob as ordens de mamãe. Lá no Posto Seis, no escuro dos cinemas, as primeiras namoradas se retorciam e se recusavam ao assédio a seus desejados peitinhos, me deixando enroscado em intrincados sutiãs cheios de presilhas e elásticos, que me impediam de chegar à maciez dos seios ocultos, enquanto tiroteios rolavam na tela e eu me embaraçava nas terríveis teias das alças, de onde saía desesperado com dores nos rins de tanto ardor insatisfeito.

Depois, Silvinha, continuei minha trilha pelos caminhos que se abriam para os jovens solitários daquela época: as casas de pecado do Catete, os famosos rendez-vous, o que me fez dividir as mulheres em "santas" e "prostitutas", ficando as santas como você em minha memória e as outras sendo fonte de erros e sofrimentos. Todas, então, santas e bruxas, eram intangíveis, todas impossíveis. Veja como se formavam os jovens nos anos 50 para o amor.

Não conversamos nunca, Silvinha, você nem soube que era minha namorada secreta, e vivemos esse meio século em mundos diversos. Você deve ter sido feliz, com filhos e netos, seguindo a trilha natural que saía do seu jardim, enquanto eu tive um caminho mais torto, sempre meio fora das coisas que eu via acontecer.

Tenho inveja das estradas largas e sadias e talvez eu tivesse sido mais feliz, se tivesse feito a Escola Naval como meu pai queria, e hoje fosse um orgulhoso almirante comandando cruzadores pelos mares do meu Brasil.

Mas não posso me queixar de nada, casei várias vezes, tive duas filhas e um filho maravilhosos, chorei muitas vezes de dor-de-corno e de desentendimento, mas não posso me queixar, pois, além do que vivi, vejo hoje que as memórias são tão sólidas quanto as realidades, que muitas vezes se esvaem mais rápido que aquelas. Você ficou como uma primeira sensação do que chamam "amor". E como diz o poeta: "...as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão..."

Beijo tardio,
do Jabor

Ahh Jabor ^^





sábado, 27 de novembro de 2010

Os cavalos não apostam nos homens... Millôr



No momento da mágoa (...)

Algumas coisas que nos são ensinadas, só tomam grandes proporções, quando damos de cara com elas... Quando erramos e lembramos que deveríamos saber, nos alertaram que poderia dar errado...

Particularmente aprendi se é que assim pode-se dizer,
Para não esperar demais das pessoas... talvez a lição mais valiosa ...
E não antecipar resultados ... a mais prática ...

Algo que você não presta grande significância... porém até que algo surge e o mundo cai, e aquelas vozes ecoam na eternidade da sua alma...

Eu te avisei!!! isso não ajuda em nada.

Tantas foram as vezes que a mágoa se tornou insuportável, profunda!!!
Oh sofrer, mais profundo ainda... mas o que é profundo para uma mulher???
Tudo... tudo é algo imensamente importante e nada irrelevante.... outras muitas questões... Ah sim, seria melhor se não fosse, mas como não ser... impossível... problemas de Vênus...

Pensar que minhas maiores tristezas vieram da espera de gestos que nunca aconteceram... Mas porque... se eu sabia e deveria saber que não se espera demais, não se põe a sua felicidade nas mãos de ninguém... Um conceito  amplo, muito  amplo... é algo para sempre!!!

Resultados que antecipo, mentalizando, esperando, sonhando e que nem sempre acontecem... perigo de frustração,
Porque sentir isso se eu posso primeiro esperar acontecer e depois ver o que eu sinto, o que cabe sentir...

Um dia transmitiram isso a mim... acabo lembrando tarde... espero não repetir essa tardia lembrança...

Não, não, não esperar demais, e nem antecipar-se... Talvez, essas reflexões em momentos de dor, fazem com que algo acorde e tudo que estava estranho, fique as claras... Pena ter que ficar triste primeiro...



"Não há sensibilidade sem dor, nem prazer sem sensibilidade." 

Gracian